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A 15 de Julho, a activista dos direitos humanos, Natalia Estemírova, foi raptada na Chechénia. Mais tarde, nesse mesmo dia, era encontrada assassinada no território da vizinha Inguchétia.
Os primeiros a dar o alerta foram os seus colegas da associação de direitos humanos "Memorial". Avisaram a polícia local onde foram informados que a investigação seria realizada por outro esquadrão, os quais, consultados mais tarde, afirmaram que desconheciam todo o processo. Daqui se afere que enquanto existia um mínimo de possibilidades para fazer algo, as autoridades Chechenas tentaram adiar ou obstruir quaisquer acções.
Não existem nenhumas dúvidas de que o homicídio de Natalia Estemírova está directamente relacionado com as suas actividades profissionais. Ela foi a quarta vítima dos envolvidos nas investigações dos crimes cometidos pelas autoridades Chechenas. A primeira vítima foi o jornalista Pavel Khlébnikov em 2004, a segunda - famosa jornalista Anna Politkóvskaya em 2006, depois o advogado Stanislav Markélov foi morto em Janeiro de 2009, o qual foi um dos poucos a aceitar os complicados casos de desaparecidos ou assassinados na Chechénia.
O mais provável que aconteceu foi a execução de uma pessoa que investigava e publicava informação muito sensível para a actual autoridade Chechena. Ela estava a investigar diferentes casos de execuções públicas, rapto, homicídio e outros crimes cometidos com base no sistema da "responsabilidade colectiva" ("castigo" de familiares inocentes de membros das guerrilhas e de activistas anti-governamentais).
Ramzan Kadírov, presidente da República Chechena, declarou-se "escandalizado" com este crime brutal e prometeu todo o possível para encontrar os culpados, mesmo usando os métodos "tradicionais" e não apenas os convencionais. Os métodos tradicionais devem ser entendidos como eliminar os elementos mais baixos da cadeia, em cortar todos os elos que possam levar aos organizadores.
Um exemplo é o facto de que o carro que levou Natalia (ou o seu corpo) para a Inguchétia teve de cruzar uma estrada recentemente posta sobre forte controlo das autoridades Chechenas, a qual para se circular até à fronteira com a Inguchétia se necessita uma autorização especial.
NOTA: Devido às actividades de Natalia, era de conhecimento comum, que o Presidente Kadírov a considerava "sua enimiga pessoal" e esta expressão tem um significado muito forte e especial na Chechénia.
Nos últimos anos, raptos e assassinatos só muito raramente são cometidos pela chamada guerrilha ou terroristas Chechenos, a maioria destes crimes foram levados a cabo pela polícia estadual ou por forças especiais. Escusado será também dizer que quase nunca estes casos são rezolvidos.
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